Às vezes, é necessário olhar,
pensar e agir fora da caixinha para se tornar adulto.
Max William.
Desde que nos tornamos homo sapiens, achamo-nos no direito de
dizer o que é certo e o que é errado; o que é bom e o que é mal; o que se deve
ou o que não se deve fazer, bem como o que se deve ou não seguir.
Em grande parte, a razão
humana instalou a ORDEM com consistência e coerência. Pois, um mundo sem leis se
tornaria a casa da mãe Joana – como
diz o velho ditado popular.
No entanto, há de se
concordar, também, com o filósofo do século XVII, Thomas Hobbes, que um mundo
sem leis e totalmente entregue às forças e às vontades humanas, terminaria numa
“guerra de todos contra todos”.
No entanto, colocaram – não
sabemos quem exatamente – ordem demais no barraco – como diz a gíria popular. Colocaram
ordem demais nos barracos de modo a impor diversas caixinhas e para diversos indivíduos
entrarem.
Há tantas caixinhas para os
indivíduos entrarem que basta qualquer indivíduo soltar gases para alguém se
levantar de onde se encontra para dizer: não
peide assim, peide assado!
Olhando para o passado mais
distante e com algumas teorias para nos apoiar, notamos que o ser humano nasce
de uma mulher, cresce, torna-se adulto, alcança a velhice e, por fim, morre.
Entretanto, ao longo de toda
essa trajetória, o homem aperfeiçoa-se e cria – para si – instrumentos de sobrevivência. Um dos instrumentos criados para
saciar a sua necessidade corporal foi a ROUPA.
As vestes supriram as
necessidades humanas no que diz respeito ao frio, ao calor e à chuva.
Entretanto, se foi o tempo em que nos preocupávamos puramente com as
necessidades – sejam elas quais forem.
No século XXI, é necessário
proteger-se. Mas antes de tal proteção, é necessário CLASSE, ETIQUETA, bem como
GLAMOUR. Pois os indivíduos que não acompanharem o mínimo de tais figurinos (caixinhas) serão considerados
bregas, cafonas, antigos e antiquados. Para
não ser tudo o que considerado NEGATIVO para os indivíduos chiques de nosso
século XXI, basta aceitar e entrar às caixinhas que os próprios homens constroem
para si e para os demais.
Não há apenas um padrão de caixinha-regra. Há diversas e, inclusive,
para todos os gostos e todas as idades.
Por esses dias, dediquei-me
a assistir um debate onde havia pensadores de diversas áreas debatendo religião; inclusive um ateu – aquele que
não considera a existência dos DEUSES ou de DEUS.
Interessante que no tal
debate, bem como em tantos outros momentos e lugares, o ateu foi desqualificado
por simplesmente ser o que se é: ATEU.
Ora, optar por ser católico,
protestante, candomblecista e budista – segundo a roda chique – era aceitável.
Mas optar pelo ateísmo, não! Sequer numa roda de pessoas “chiques e
inteligentes”. Regra, estupidez ou não aceitação do comum?
É necessário – para ser
aceito e não jogado para escanteio – “aceitar” uma das caixinhas-regrinhas impostas pela sociedade. Pois, caso contrário,
lide com as consequências, por exemplo, de ser
ateu, negro, “amarelo”, gordo, magrelo, gay, solitário, “verde”, crente, budista
ou até mesmo testemunha de Jeová.
Ora, não são apenas os ateus
que sofrem devido às suas escolhas. Mas, também, os gays – e fique claro que ser gay não é uma opção, bem como ser negro,
também, não o é!
Num determinado momento da
história – sobretudo americana – os negros não podiam sentar-se em bancos de
brancos. No entanto, o mecanismo modificou-se: hoje, gays não podem caminhar livremente por ruas e avenidas, pois
senão recebem lâmpadas nas faces em forma de presentes.
É devido às
caixinhas-regrinhas sociais que negros, magrelos, gordos, “amarelos, verdes”,
crentes, budistas entre outros, aderem a comunidades divididas de um todo. E
assim, migram-se – numa grande maioria – para o submundo, para as “trevas”; pois lá se tornaram – pela não aceitação do
“diferente” - seus lugares. E não no meio de pessoas “normais”. O que é normal?
Uma soma de números publicados pelo IBGE?
São tantas caixas-regras, mas tantas que se nos
dedicássemos a escrever sobre os pré-conceitos humanos – inclusive os meus –, isto é, de
como fazer isso e não aquilo não caberia
nas folhas sulfites a4 dos computadores – que por sinal, são infinitas.
De modo geral, penso que
deveríamos voltar e repensar A Declaração Universal dos Direitos Humanos,
constituída no século XX, para fugirmos de algumas caixinhas – sejam elas
quais forem.