Talvez
um dia sejamos apenas restos mortais jogados numa gaveta fria.
Max William
Quando se trata do problema da morte, todas as nossas
crenças – por mais fortes e fundamentadas que elas sejam – são abaladas. As
crenças são desestabilizadas devido à preocupação de não compreendermos o que
está além da vida, além de nossa complexa existência. Portanto, em algum
momento de nossas vidas, a pergunta sobre qual
o sentido da vida se fará presente – seja de modo aparente ou não. Ora, na
medida em que gastarmos um pouco de tempo com a problemática da morte, as certezas
ficarão instáveis, cedendo lugar – em nossas vidas – às incertezas. Sendo
assim, qual o sentido da vida?
Não é consistente a afirmação de que a vida não possua
sentido; como também não é sólida a afirmação de que a vida tenha algum
sentido. Portanto, estamos lidando com dois posicionamentos completamente
diferentes, em desacordo e em confronto no que diz respeito à possibilidade do
sentido da vida ou da falta de sentido da mesma.
A pergunta sobre qual
o sentido da vida surgiu – assim acreditamos – do incômodo existencial que abraça
a vida que possuímos. Pois ela está profundamente submersa num movimento
mortal: nascemos e logo alcançamos a
juventude. Assim, a juventude breve perderá o seu lugar na medida em que a
adolescência se fizer presente. Ligeiramente a fase adulta chega e, rapidamente
cede espaço à velhice. Tragicamente – de acordo com alguns - a velhice é
aniquilada pela morte que, por sua vez, provoca – na vida dos indivíduos vivos
- o assombro da perda da vida, que por sua vez, escorrega pelas mãos humanas.
Essa perspectiva de se compreender
o sentido da vida – de acordo com alguns indivíduos – é absurdamente cruel e,
além do mais, causa depressão em muitas das pessoas de nosso século.
Em contrapartida a toda essa
visão trágica da vida, é importante demonstrar qual a outra perspectiva para se
compreender o sentido de nossas vidas: a visão que nos dá sentido de viver e
para viver.
Segundo Victor Frankl: “nunca
um animal perguntou se a sua vida tem sentido”. Entretanto, é evidente que não
se pode dizer o mesmo dos homens. Pois eles perguntam pelo sentido de suas vidas
– por serem portadores de razão – e, mais, eles buscam sentido – quando o vácuo
da existência se apresenta – às suas existências.
“A vida nunca é algo, mas sempre a ocasião para algo”, disse o poeta
do século XIX, Hebbel. De acordo com o pensamento de Hebbel, a vida começa, portanto,
a ter sentido na medida em que se valoriza o conteúdo dos e nos diferentes momentos,
ocasiões.
Desse modo, não importa qual
a etapa - do nascimento à morte – em que o indivíduo se localiza. Pois em algum
momento, em alguma ocasião – seja no momento
de chupar a chupeta, de jogar bola, de dar o primeiro beijo, de transar pela
primeira vez, de casar com a pessoa amada pela primeira, segunda ou terceira
vez, de ver o primogênito nascer... – eles farão sentido para a vida e na
vida.
No entanto, é importante
compreendermos que ambas as correntes apresentadas acima sobre o sentido – ou o não sentido – da vida, não podem ser separadas. Pois só se entende o sentido da vida - assim acredita-se - por meio de momentos em vida; como também a falta de sentido que a mesma apresenta.
Sobre a morte, portanto, nada podemos mensurar. Na vida, basta acreditar.